Quantas
vezes você já criticou um filme por representar a periferia de forma estereotipada? Filmes que narram a periferia poucas vezes têm a ver com a
periferia narrando sua realidade. E é isso que nos interessa, pois
estamos falando de arte e periferia.
Antes dos anos 90 quem ditou à sociedade quem era essa tal "juventude pobre da periferia", foi a academia e a mídia. Foi o tempo do "trombadinha", "pivete", "menor abandonado", "menino de rua" entre muitos outros rótulos. As lutas sociais pelos direitos das crianças e adolescentes tiverem um importante papel, porém foi o Hip Hop que chegou de voadora no sistema e se destacou como um das principais manifestações políticas e culturais que permitiu a apropriação dessa narrativa pela própria juventude.
E no cinema não é diferente. Apesar de alguns filmes terem se consagrado por buscarem representar com a maior fidelidade possível a vida na periferia, ainda não emergem da periferia, tampouco narram nossos interesses. E por mais que alguns poucos sejam interessantes, é sempre uma narrativa externa que só enxerga na periferia a pobreza, a treta e no máximo romantizam a tragédia social. Nos permitem sempre as mesmas experiências hollywoodianas colonizadoras de afetos e pensamentos.
Foi a partir dos anos 2000 que algumas transformações políticas, culturais, sociais, econômicas e ideológicas permitiram a invasão da periferia às telas do cinema nacional. Entre as transformações temos: a invasão da periferia às universidades; as leis de incentivo à cultura popular; a criação de saraus, cinemas comunitários, cursinhos nas lajes, apropriação dos espaços público com batalhas de rima e slam poético, entre outras ações de incentivo e protagonismo nas quebradas que fomentam espaços de cultura marginal.
Nesse sentido, em negação às narrativas hegemônicas sobre a periferia presentes nos filmes que apenas exploram nossos territórios e nos reduzem a um problema social; e buscando fortalecer a apropriação da nossa narrativa por meio dessa arma que é o cinema, alguns filmes merecem destaque.
Três diretores[as], três filmes e um elenco composto não por meros personagens, mas por pessoas que nos fazem confundir a realidade com a ficção. Mais do que filmes, experiências monumentais em um simples, humilde e visceral rolê no cotidiano e nas relações sociais na periferia. Todos foram ganhadores de diversos prêmios e mostras de cinema nacional e internacional. Da periferia da região metropolitana de Belo Horizonte/MG para o mundão!
Trabalhos produzidos de uma forma que foge do convencional, sem sensacionalismo, fantasia, glamourização, meritocracia e a criminalização da periferia. Obras que nos permitem sentir, refletir e estabelecer outra relação tanto com as artes como com a nossa quebrada. Sem mancada, sem massagem e sem maquiagem.
Mesmo ciente que cada lugar é um lugar, que cada lugar é uma lei, recomendo. Afinal, periferia é periferia. Então se liga:
Sinopse: Juninho, Menor, Neguinho, Adilson e Eldo são jovens moradores do bairro Nacional, periferia de Contagem. Divididos entre o trabalho e a diversão, o crime e a esperança, cada um deles terá de encontrar modos de superar as dificuldades e domar o tigre que carregam dentro das veias.
Andreia quer se mudar. Leid espera pelo marido preso. Vizinhas em um bairro na periferia de Belo Horizonte, elas tentam se desviar dos perigos de uma guerra do tráfico e evitar as tragédias trazidas junto com a chuva.
Torrent: https://www.baixarfilmetorrent.net/baronesa-2017-torrent-nacional/
A fim de assumir um novo emprego como agente de saúde, Juliana se muda do centro de Itaúna para a cidade metropolitana de Contagem, em Minas Gerais. Enquanto espera que o marido se junte a ela, a personagem se adapta à sua nova vida, conhecendo novas pessoas e descobrindo novos horizontes, tentando superar um passado trágico.
Torrent: https://www.baixarfilmetorrent.net/temporada-2019-torrent-nacional/
[Disponível também na Netflix]
[Disponível também na Netflix]
Texto escrito por:
Thiago Augusto Pereira Malaquias
Militante Hip Hop, Educador social e Psicólogo [CRP.13-9871]
Contato: tapm83@gmail.com
Thiago Augusto Pereira Malaquias
Militante Hip Hop, Educador social e Psicólogo [CRP.13-9871]
Contato: tapm83@gmail.com