Na contramão da ostentação aos bens de consumo, Rincon dispara uma sonora crítica a esse tipo de pensamento e relembra que ainda existe pobreza entre nós.
Quem acompanha o trabalho do Sapiência já conhece a sua irreverência em meio à rimas bem elaboradas e com união harmônica das palavras. Porém, sem perder as qualidades que o fizeram ser um dos maiores rappers da atualidade, o novo vídeo clipe do cantor é uma pedrada na falácia de ascensão social propagandeada pelos governos. Ricon expõe uma dura análise ao cotidiano paupérrimo de milhões de brasileiros que continuam vivendo à beira da miséria. Pode até parecer um exagero, mas segundo uma pesquisa, o número de brasileiros que poderá chegar à condição de miserabilidade pode chegar à 3,6 milhões até o fim de 2017.
Em um cenário em que até o Rap nacional se encontra ostentando bens e exaltando o consumo exacerbado, a objetificação das mulheres, e a aversidade ao que remete à favela. Essa música veio na hora certa.
A filmagem é um espetáculo audiovisual, muitas luzes, coreografia, efeitos especiais, a música narra de forma contundente a precariedade vivida nas periferias, nos becos, nos chãos de terra, nas casas insalubres, com situações de vulnerabilidade social extremadas.
Rincon Sapiência se destaca por conseguir elevar a música a um patamar único de se fazer Rap, com frases diferenciadas, beat moderno, mas com a precisão cirúrgica da critica social que sempre foi exigida dos grandes rappers.
Ficha Técnica
Música: "Ostentação à Pobreza"
Composição, Interpretação e Produção Musical: Rincon Sapiência
Coprodução e Direção Musical: William Magalhães
Selo: Boia Fria Produções
DOWNLOAD GRATUITO: http://bit.ly/1IdNmjY
STREAMING: https://ONErpm.lnk.to/OstentacaoAPobreza
Direção: Marco Loschiavo / Produção executiva: Júlia Velo / Direção de fotografia: Francisco Mitre / Direção de arte: Júlia Velo e Marco Loschiavo / Desenho e animação: Marco Loschiavo / Edição e montagem: Marco Loschiavo / Assistente de direção: Marcos Sampaio / Assistente de direção: Caio Leska / Gaffer: Marcos Sampaio / Cabelo e maquiagem: Omar Bergea / Dançarinas: Aisha Mbikila, Leona Purple e Aline Trindade / Coreografia: Aisha Mbikila, Leona Purple e Aline Trindade / Roda de Pogo: Dikampana, RG do Q.I., Cafuris, Dudu Ramos, James Bantu, MC ZeroOnze, Beatriz Venâncio, DJ Faul, Brisa Flow, DJ Mista Luba, Jay Viegas, Kiko de Sousa, Robson Heloyn, Nicolas Carneiro, Thamires Nunes, Raony Andrade, Keops, Raffa Moreira / Suporte e apoio: Mari Bergel, Paulo Cavalcante, Caio Leska, Leo Casa 1 e Marcio Conrado / Making Of: Fernanda Carvalho / Filmado no estúdio Casa 1 / Realização: Boia Fria Produções
LETRA
Ative as legendas ocultas (closed captions) para acompanhar a letra da música enquanto assiste ao vídeo
(Pobreza, pobreza, pobreza, pobreza!)
Sem endereço, quintal de lama / Os inimigo tão de campana / As visita são ratazana / Os remédio feito de cana / Sem Lacoste, sem LeCoq / Sem Nike Shox, sem Reebok / Barracão, tijolo vermelho / As parede não têm reboque / Vítimas de uma exclusão / Desde cedo o drama começa / Nunca pegou um livro na mão / Mas desde cedo segurou as peça / De olho na butique dela / Não é Genival Lacerda /Tá nascendo nova classe média / Muitos tão na velha classe merda / Correria, correria / Renda 3 reais o dia / Ilusão querer ser doutor / Esperança de ser Abadía / Com novas perspectivas / Grana por aqui é diva / Mas não tá tudo firmeza / Porque a pobreza continua viva /
Refrão: *Já ouviu falar em pobreza? / Pobreza, ela não morreu / Pode pá, ela não morreu / Já ouviu falar em pobreza? / Pobreza, ela não morreu / Pode pá, ela não morreu / (Pobreza, pobreza, pobreza, pobreza!)
Pobreza, pobreza / Um certo dia vi ela / Quando passei na viela / Cruzando pela favela / Pobreza, pobreza / É conviver com a nojeira / Morar em área de risco e dormir ao som da goteira / Um carro louco é um abalo, o som batendo no talo / Lugares que têm miséria, luxo é andar de cavalo / Onde o dinheiro não rola, chinelo gastando sola / Levando quase uma hora até chegar na escola / Trampando desde criança e sonhando em ter uma TV / Um sonho realizado mas morreu sem aprender ler / Criança não trabaia, criança dá trabaio / Maioridade penal, eles querem a redução / Caraio
Refrão*
Educação é negada / Jogaram as sementes / A terra foi regada / Brotaram os indigentes / Pra resolver geladeira vazia tão enchendo o pente / A fome consome um prato com rango bem no ninho de serpente / Pegando água do poço / Andando a pé porque não tem carro / Sem energia, casa de taipa / Melhor estilo João-de-Barro / Oito da noite já tá o breu / O candeeiro já acendeu / O quilombo ainda existe / Saiba que ele não morreu / Falta água porque não choveu / Pedindo pra Deus, fazendo louvor / Quem vive na extrema pobreza / Tem em comum o escuro na cor / Vivendo de favor / Na terra que é seca não tem flor / Na zona do sofredor, pobreza desfila sem pudor / Vivona
(Quando você fala de terra, você fala de riqueza e esta riqueza é disputada. Disputada pelos grandes latifúndios, disputada pelos fazendeiros, disputada por muitos)
Refrão*
RELEASE
Já ouviu falar em pobreza? Ela não morreu. Esse é o recado de “Ostentação à Pobreza”, o novo single do rapper Rincon Sapiência, que promete surpreender aqueles já acostumados à sua veia irreverente. Dessa vez, ao invés de leveza, Rincon traz peso – mas sem perder o ritmo das suas inconfundíveis batidas. É assim que o MC cria a atmosfera certa para introduzir um papo sério: na letra da faixa, Rincon fala sobre as desigualdades gritantes e as condições desumanas de se viver na miséria, compondo uma das músicas mais ácidas do seu novo disco “Galanga Livre”, que será lançado no fim de maio.
O clipe, dirigido por Marco Loschiavo com produção de Júlia Velo, é uma realização da Boia Fria Produções, e segue a intenção da música ao explorar um lado de Rincon que nunca havia sido exposto em seus clipes anteriores. Projeções, iluminação marcada, cortes secos e muita atitude. Essa é a fórmula para um clipe que incomoda, mas que também fascina.
+ RINCON SAPIÊNCIA