No ultimo dia 07 a cantora Beyoncé provocou um alvoroço no mundo musical ao cantar na final do Super Bowl a canção Formation. Mas o que houve de tão polêmico para essa indignação dos setores mais conservadores da sociedade? Qual foi o tal assunto que despertou a revolta e principal evidenciou o racismo que até então estava camuflado no âmago dos fãs da cantora?
Beyoncé sempre foi conhecida por ser uma cantora, dançarina, atriz, multitalentosa e ser casada com o milionário rapper Jay-Z. Até esse ponto nada demais. Suas músicas na maioria das vezes impulsionavam a danças e coreografias sensualizadas ou em outros momentos falavam de romances, relacionamentos e assuntos que são comuns a música pop (Salvo erro, já que o autor nunca foi um ouvinte assíduo desse gênero musical).
Contudo, isso é só uma imagem que se tem da cantora. Ela e seu marido já doaram R$ 6 milhões para o movimento Black Lives Matter que presta ajuda jurídica para negros que foram presos em manifestações e que combate a brutalidade policial. O casal tem um ativismo em diversas frentes sociais.
Mas e a polêmica?
Parece que milhares de pessoas desconheciam o óbvio. Beyoncé é negra.
Mas e a polêmica?
Parece que milhares de pessoas desconheciam o óbvio. Beyoncé é negra.
Eis que extraordinariamente na final do Super Bowl o evento que atingiu a maior margem de audiência na história da TV estadunidense, um dia que os americanos voltam a sua atenção para o entretenimento e ao duelo entre os gigantes da NFL. Tarde tipica para comer cachorros quentes, tomar coca-cola e ver ao jogo. Tudo certo. Só que não suspeitavam que a pop-star queridinha da América, tornaria-se a protagonista de um indigesto tema a ser discutido em cadeia nacional. O racismo e o extermínio da população negra.
A música em questão traz claras referências as lutas de movimentos negros, personagens históricos como Luther King, períodos escravocratas com a inversão de papéis, a exaltação da ancestralidade nos Estados sulistas de Louisiana e Alabama (Ver guerra da Secessão), afirmação da negritude, empoderamento, e em determinado trecho do clipe é visto em um muro a seguinte frase: “Stop Shooting us” (parem de atirar em nós), se referindo aos ataques policiais contra os bairros pobres e negros.
A cantora foi atacada por algumas pessoas por usar o espaço do esporte para fazer militância. Como se o esporte fosse uma esfera á parte do mundo real. Como se não flagrássemos inúmeras manifestações racistas em diversas modalidades esportivas contra jogadores negros. O esporte também deve ser instrumento de luta contra a opressão.
Pode parecer um equivoco, mas quando tomei conhecimento do caso acima, não tive como não associa-lo ao nosso Rap nacional. Logicamente que o estilo musical e a situação são diferentes. Mas é muito notório que quando um artista negro, ou um rapper ou um intelectual vão em programas de auditório ou entrevistas para falar sobre o samba, carnaval, a harmonização da periferia, pagode na laje, romancear a exploração do trabalhador, reforçar o discurso do povo pobre e feliz, citar frases coloridas ou negar o racismo e a luta de classes, sempre existe o espaço aberto e são bem recebidos.
Agora, quando o assunto é escancarar as mazelas sociais, expor o cancro que está alojado na sociedade e combater de forma veemente a situação vergonhosa em que nos encontramos. Passamos para os "reclames do Plim Plim".