Fico muito orgulhoso que na minha adolescência tive uma música que me aproximou das esferas da conscientização. A música que muitas das vezes era considerada apologia ao crime fez o que nenhum programa governamental conseguiu fazer. Me tirou do atraso intelectual proporcionado pelas arruinadas salas de aula da escola publica, e me fez começar a entender o maquinário sistêmico e diabólico forjado para nos aprisionar. Quando o desapego pela informação parecia reinar no meu subconsciente, e qualquer assunto pelo meio social era vago e distante, surge via ondas sonoras um estrépito ideológico sem fim. Graças a Deus, as vozes vindas das periferias conseguiram romper a barreira do pensamento e mostraram que a transformação social precisava ser feita. Não posso afirmar com exatidão quem eu seria se não fosse a força ideológica da cultura Hip Hop, mas com certeza, não teria a mesma leitura social que tenho hoje.
No último domingo (03) aconteceu na Cidade Tiradentes o evento "Milton Sales Convida" que contou com a participação de vários grupos de Rap que são referencia no cenário nacional. Uma grande festa que fez relembrar os presentes sobre a década de 90 onde o Rap era a música da periferia. O que chamou a atenção foi o grande número de pessoas, já que estamos falando de um evento que durou quase 10 horas e grande maioria permaneceu até o encerramento, ou depois dele, visto que muitos ficaram para tirar fotos e conversar com os artistas.
Fico muito orgulhoso que na minha adolescência tive uma música que me aproximou das esferas da conscientização. A música que muitas das vezes era considerada apologia ao crime fez o que nenhum programa governamental conseguiu fazer. Vida longa ao Rap nacional.
Posted by Allisson Tiago on Domingo, 4 de outubro de 2015
O encerramento do show ficou por conta do rapper Eduardo. Militante, polemico e questionador, o cantor proferiu seu discurso revolucionário entre uma musica e outra e com certeza fez com que os espectadores pensassem na realidade que os cerca. O evento tinha como objetivo homenagear as "Mães de maio" e lembrar a todos sobre as chacinas ocorridas nas periferias do Brasil, em voga, a última ocorrida em Osasco/SP que deixou 19 mortos.
O grupo Facção Central ao longo da sua extensa caminhada conseguiu fazer com que milhares de jovens da periferia desassistidos conseguissem enxergar seu algoz. Mesmo após a saída do grupo, o rapper Eduardo continua a árdua batalha de disseminar revolta nas mentes periféricas. Vida longa aos guerreiros que fazem da sua vida um instrumento de transformação. Vida longa ao Rap nacional.
